quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Cronica felina no último dia do Ano.



Ano passado não armei árvore de Natal por ter uma bebê felina impossível e por ter ido passar em SSA.
Ela continua terrível mas a árvore deste ano tinha resistido intocada até hoje, risos. Nina fez um belo estrago, talvez celebrando o ano novo.



A carinha é de imensa candura mas, quem já veio aqui sabe do que é capaz, rs. Até que demorou e era estímulo demais.
PH, dono da casa e meu defensor em tudo, não gostou da brincadeira e bateu nela, rs. Óbvio que eu sempre rio e adoro estas artes. Para fechar, foto de meu príncipe, para não ficar só Nina no blog. Antes que perguntem de novo, não é espelho, são dois mesmo. Ele tem lindo cavanhaque.



Feliz 2010!!!!



Agradeço as mensagens enviadas por email pelos feeds e retribuo.



Que 2010 seja um ano maravilhoso, com muitas realizações, saúde e alegrias.



quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz Natal



Um Feliz Natal para todos.


Um abraço, Denise


sábado, 19 de dezembro de 2009

Sugestões de temas para 2010



Já foram sugeridos os seguintes temas, que aceito:
  • Psicose
  • Introdução a Lacan
  • Estudos de caso (desde que sejam casos já publicados por Freud e Cia).
As postagens estarão disponíveis.
Boas férias e um abraço
Denise

Mais reflexões e conclusões do curso

Fiquei satisfeita de constatar, com a concordancia de todos, que a aula sem o power-point projetado foi uma das melhores do curso.
Em vez de dispersar a atenção com o power-point, voces puderam ouvir melhor o que eu estava dizendo, pensar e participar mais, abrindo espaço mais amplo para troca. Conforme combinado, vou postar um exemplo, que foi o mais rico.
Discutimos a afirmação de Richard Sennett de que o bom cozinheiro é aquele "capaz de talhar um grão de arroz". Tendo solicitado que pensassem o que isto poderia querer dizer em saude mental, reproduzo as respostas:
  • "ser preciso na intervenção"
  • "estabilizar um psicotico"
  • "atender um obsessivo grave"
  • "ter sensibilidade para adequar a intervenção necessaria"
  • "pensar miudinho para chegar na particularidade de cada pessoa"
  • "ir na subjetividade da pessoa e não se deter no superficial"


Voces conseguiram se apropiar de uma analogia de outro campo e trabalhar com isto. Isto é estudo e foi com este objetivo que indiquei este livro.
Cumprindo o prometido, risos, acrescento minha contribuição involuntária às associações. Apos cometer, por tres vezes consecutivas, o ato falho de falar "talhar um grão de areia", que virou brincadeira, respondo por meu inconsciente. Escutando-os, pensava em casos muito mais dificeis. Todo ato falho é oportuno e minha serie esteve em sintonia com a aula. Em saude mental, temos situações mais dificeis que "talhar um grão de arroz" e é como talhar um grão de areia. É quando lidamos com a categoria lógica do impossível, tal como proposta por Aristóteles e retomada por Lacan.




Como já disse, gostei muito da turma e a troca com voces, durante as aulas e nos intervalos, foi muito rica. Poder conhecer um pouco mais alguns de voces, tambem me fez aprender.
Quero registrar um relato que me sensibilizou. Num pais com tamanho descaso pela educação e pela saude, uma pessoa, de junho a dezembro, se deslocou durante seis horas para assistir o curso em Salvador, abrindo mão de sua unica folga mensal. E ainda comentou que o dinheiro que se gasta com estudo é o mais bem empregado. Ainda conseguimos fazer alguma coisa na saude mental publica por contarmos com pessoas assim. Parabens!!
Bom, tambem, compartilhar os demais esforços, sonhos e expectativas profissionais de muitos de voces. Desejo que os realizem. Que a ONG do litoral norte se concretize.




Sobre a avaliação, concordo com as sugestões de melhorias. Agradeço, de coração, o retorno que voces deram sobre meu trabalho e meu estilo de dar aula.
Fico recompensada por alguns de voces terem podido perceber a diferença entre Jaspers lido diretamente, mesmo com a complexidade do texto, e outros autores que o simplificam e reduzem, levando ao empobrecimento do ensino. Que bom que pude transmitir isto.




Agradeço, também, as solicitações para novos cursos e com maior frequencia.
Como combinado, farei nova postagem para que voces coloquem as sugestões de tema para 2010, considerando os temas que me proponho a trabalhar.
Para os alunos do curso, continuo disponivel para responder questões via net.
Feliz Natal para todos e um 2010 maravilhoso.
Um grande abraço, foi um prazer
Denise Stefan






quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Reflexões sobre estudo, aulas e power-point






Divido algumas reflexões que tenho feito, após 6 meses dando um curso sobre "Psicopatologia e Estruturas Clínicas". Nos dias 11 e 12/12, estaremos fechando este curso, com seu módulo V.

Eu gostei muito de estar dando este curso. A turma é muito boa. Alguns surpreenderam-me, muito positivamente, quando indiquei livros dificeis de comprar e de serem lidos, numa sexta à noite, e chegaram no sabado à tarde, com o livro em mãos. A turma sabe que me refiro a Karl Jaspers, pai da Psicopatologia. Leitura que sei não ser facil mas, fundamental.

Vou usar este post online na aula dia 12/12. É o power-point da segunda parte do módulo V porque quero suscitar reflexões.



Entre tantas coisas na vida, o que escolher?

Adoro historia, em geral, não sou saudosista e uso todas as novas tecnologias. Entretanto, temos que parar para pensar e ver como, quando e porque. Qual a função de um power-point? Em um congresso, palestra ou conferência pode ter múltiplas funções. Para um público leigo, costuma ter imagens como a apresentada acima, para atrair atenção e/ou amenizar a dureza de um tema. Em um congresso ou reunião de trabalho, pode trazer gráficos e planilhas que ilustrem melhor o conteúdo. Podem trazer resultados de pesquisas. Para publicitários, podem apresentar proposta de marketing de produto. Podem ilustrar alimentos para dietas ou exercícios, ou tecnicas de quaisquer outras ordens.

Podem também servir como roteiro de aula para quem ministra. Mas, é possivel dar aula sem power-point. Este semestre tive um professor no doutorado do IPUB que chega para dar aula, deixa sua pasta numa cadeira, não usa anotações,nada. Pergunta o que falou na ultima aula e dá uma aula fenomenal. Professor que seria considerado, por muitos, "das antigas". Mas foi um dos melhores professores que já tive. Cultura geral e profissional, com grande experiencia, imensa. Não há registro de presença para alunos e que ninguém converse na sala, porque ele intervém, com a autoridade devida. A turma pergunta e intervém mas, escuta porque o aprendizado é imenso. Quem quer cumprir créditos em pós-graduação ou está interessado em outras coisas certamente se entenderá com o Professor.

O uso de power-points está disseminado e não é isto que quero discutir. Em função desta disciplina do doc, de meu curso com voces e de um curso de extensão de 6 meses que fiz na UFRJ me surgiram muitas questões.

Nos cursos que faço e nos que dou, fico muito incomodada com o elevado grau de conversas paralelas, bastantes desagradáveis. Atrapalham quem quer escutar e dificultam, quando não cortam, o racicionio de quem fala. São cursos livres, ninguem é obrigado a ficar e faz quem quer. No curso que fiz, tivemos aulas quinzenais, aos sábados, das 09 às 18:30. Para que ficar se não quer ouvir e/ou aprender? Aqueles que ficavam no fundo da sala, sem sapato, com os pés na cadeira da frente, dormindo, pelo menos, não incomodavam. Estas conversas nunca tem a ver com a aula.

Eu assisto aulas, com caderno e caneta na mão (instrumentos que adoro tanto quanto o computador).



É minha escolha, meu estilo. Como dou aula, com papel e caneta, ao lado, e anoto se precisar.

Portanto, fica a pergunta: para que exigencia insistente de envio de power-point de aula?

Power-point de aula é uma guia, e muito mais para quem ministra a aula. O conteudo que importa, certamente, não está nele. Quem fez este curso e/ou assistiu outras aulas minhas, sabe que abandono o power-point e sigo o fluxo da aula, de meus pensamentos, das perguntas feitas, do inusitado.

Estive disponivel por diversos meios que a tecnologia atual oferece, deste junho, para responder, discutir ou estudar junto qualquer questão. Nunca fui contactada para isto. Em nenhuma aula fui questionada nem foi feita nenhuma pergunta sobre as sugestões anteriores de leitura nem sobre as indicações bibliograficas de cada módulo. O que isto quer dizer?

Richard Sennet, antropólogo, sobre o qual os alunos do curso receberam resumo elaborado por mim, diz que "para formar um especialista são necessárias 10 mil horas". Isto pode se traduzir em 03 horas de estudos durante 10 anos ou, para residentes de medicina, 10 mil horas em 03 anos. O material foi enviado em pdf de propósito. Um arquivo não manipulável, que não se copia, cola e recorta, como o Word.




Uma pessoa faz cursos, supostamente, por ser ou querer ser um profissional. Pergunto que tipo de profissional cada um quer ser. Ter "canudo" ou "títulos" não é sinonimo de conhecimento ou competência. Fora que, em saúde mental, cabe a pergunta, voce quer um emprego para sobreviver ou trabalhar, exercer sua função para atender quem lhe procura porque sofre?

Na area "psi", é preciso muita leitura, muito estudo, dedicação.... Para mim, um power-point só serve para dar aula. E não preciso dele. Por isto, a segunda parte do módulo V será dada de improviso.

Espero que isto possa significar algo para alguém da turma ou para quem vier a ler o blog.




Nada substitui estudo e trabalho com texto.





Denise











sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Módulo V do Curso de Psicopatologia e Estruturas Clínicas

O módulo V, acontecerá nos dias 11 e 12 de dezembro/09.

Após discussão com a turma, o tema foi mudado. Classificações como CID X e DSM IV estão disponíveis e são livros de consulta.

Continuaremos trabalhando serviços substitutivos, acrescentando experiências interessantes de alguns serviços do exterior. Foi unânime que é mais estimulante, interessante e mais rico.

Nossa proposta de curso não se propõe a ficar enviando os power-points porque agora é habitual e banal isto. Em tempo oportuno, os alunos receberão um power-point dos módulos IV e V. Alguns vídeos mostrados no cursos são disponíveis para utilização de médicos em atividades didáticas, portanto não podem ser repassados. O vídeo de Nise da Silveira está defeituoso, tentarei ver com os responsáveis pela edição.

A sugestão de leitura do módulo V é a mesma do módulo IV, disponível para cópia com Andrea Diniz. Alguns dias antes da aula os inscritos no módulo V receberão um material produzido por mim. É proposital o envio poucos dias antes da aula. Objetiva transmitir, na medida do possível, o que é estudo, trabalho com texto, comprometimento com o trabalho clínico e com as pessoas atendidas. Conhecimento e clínica não passam por osmose, requerem trabalho e dedicação. "Trabalhadores decididos", como diz Lacan, ainda mais no serviço público.

Também será enviada a bibliografia sugerida.

Bom estudo, bom trabalho! Que todos nós possamos aprender juntos.
Até dia 11.
Denise

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Jornada 2009 da Escola Letra Freudiana

A Jornada da Escola Letra Freudiana tem por tema "Da experiência psicanalítica a uma Escola", será nos dias 27 e 28 de novembro de 2009, no Hotel South American Copacabana, Rio de Janeiro.

"Trata-se de uma Escola, e não de uma escola comum. Se vocês não são responsáveis por ela, cada qual diante de si mesmo, ela não tem nenhuma razão de ser". Jacques Lacan

"É o passo da experiência analítica a uma Escola que a Escola Letra Freudiana traz como proposta de trabalho para essa Jornada de 2009.
A experiência analítica tem lugar no marco do discurso que Freud inaugura. De que experiência se trata? Não se trata apenas de uma experiência vivida, mas de uma travessia onde se produz um certo saber, o saber de uma experiência da qual poderá emergir o desejo do analista.
Lacan era um analista que sabia se fazer instruir pela experiência, e é para resgatar o que é do discurso analítico que ele funda uma Escola para a psicanálise e não para psicanalistas. A proposição de Lacan para uma Escola implica na elaboração crítica da experiência, uma aposta na transmissão da psicanálise. Sua aposta é que numa Escola estabeleça-se um laço social não regido pelo ideal do grupo, mas onde vigore a lógica do não-todo.
Uma Escola não transmite um saber já estabelecido porque ela própria constitui um lugar de verfificação da experiência, oferecendo o topos necessário para que cada um, um a um, possa, em seu percurso, sustentar os significantes mestres e privilegiados da psicanálise.
Só o analista, confrontado com sua própria experiência, pode produzir uma autorização. Experiência inédita, porque é a única que coloca em questão o desejo daquele que a ocasiona".


Informações na secretaria da Escola Letra Freudiana pelo telefone (21) 25223877.


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

XXVII Congresso Brasileiro de Psiquiatria

O terceiro maior encontro de psiquiatria do planeta, que espera receber cerca de seis mil participantes, discutirá o tema central “A Psiquiatria na Vanguarda do Progresso Médico”. De acordo com o presidente da ABP, João Alberto Carvalho, o objetivo é debater o desenvolvimento científico da especialidade, em um contexto de mudanças no atendimento público. “A capital paulista receberá um evento que condiz com seu perfil de avanço em diversos setores e palco de grande diversidade cultural”.




A programação científica do XXVII CBP totaliza 150 atividades, entre simpósios, conferências, encontros, debates, mesas-redondas, oficinas, sessões de casos clínicos, pôsteres e vídeos. Segundo o coordenador da Comissão Científica (Cocien), Marco Antonio Brasil, a grade de atividades foi construída para atender as necessidades e anseios dos participantes e permitir reflexões sobre a prática da especialidade. “A Cocien tem tido a preocupação de montar um programa abrangente, que cubra os mais variados temas de interesse da psiquiatria”, explicou.



Um dos destaques é o Simpósio do Presidente. Este ano, a atividade coordenada por João Alberto Carvalho terá como palestrantes o presidente da Associação Mundial de Psiquiatria, Mario Maj, que falará sobre doenças somáticas em pacientes com doenças psiquiátricas graves; o pesquisador Eurípedes Constantino Miguel, que abordará a custo-efetividade da psiquiatria do desenvolvimento, e o professor Sir David Goldberg, que explicará como adaptar a classificação diagnóstica da especialidade para as necessidades dos clínicos gerais. O debatedor será Marco Antonio Brasil.



As conferências também são atividades que devem atrair interesse do público. Serão realizadas 12 palestras desse tipo, com sete especialistas nacionais e cinco estrangeiros. As informações sobre a programação e os currículos dos conferencistas estão disponíveis no site do evento: www.cbpabp.org.br.



A organização do XXVII CBP é da Associação Brasileira de Psiquiatria, em parceria com duas federadas locais: O Centro de Estudos do Instituto de Psiquiatria da USP e o Centro de Estudos Paulista de Psiquiatria, da Unifesp.




de 04 a 07 de novembro de 2009, São Paulo.

E Camille Claudel

Impossível pensar em Rodin, sem evocar Camille Claudel, a meu ver, tão esquecida e neglicenciada.


Pessoalmente, prefiro suas esculturas, além de achar sua história tocante. Talvez tenha pirado por não ter recebido o reconhecimento que merecia.

Francesa, nasceu em 1864 e morreu em 1943.Irmã do poeta Paul Claudel.

 Incentivada pelo pai, pôde desenvolver sua vocação artística, dedicando-se aos seus primeiros estudos de escultura. Posteriormente, em 1881 (Camille com 17 anos) a família Claudel mudou-se para Paris, estimulada pela sugestão do escultor Boucher a Camille, que reconhecia nela um talento a ser desenvolvido e, pela preocupação de seu pai que procurava melhorar os padrões de educação e preparo dela e de seus irmãos. Em Paris, Boucher que orientava até então Camille Claudel, recomendou-a a Rodin. Ela viria a se tornar sua aluna, discípula, colaboradora e amante.


Após a ruptura, que marcaria profundamente Rodin e sua obra, o sentimento de fracasso afetivo e a solidão encaminharam a frágil estrutura emocional de Camille ao desespero, ao ressentimento e ao ódio de seu antigo companheiro. Passou a viver isolada em seu atelier, restrita a um espaço úmido e mal conservado em plena Ile de Saint-Louis, no coração de Paris. Após várias manifestações de uma paranóia persecutória, naufragada na miséria, na solidão e no desespero da falta de reconhecimento que lhe teria sido importante num dado momento, Camille passou a responsabilizar de maneira crescente a Rodin pelos seus insucessos e dificuldades,a ponto de colocar em risco sua própria vida. Vivendo pobremente, assistiu cerraram-se suas oportunidades como escultora uma vez que lhe faltavam encomendas para obras em espaços públicos, o que lhe atribuía a influências nefastas de seu antigo mestre. Passou a esculpir para logo em seguida, destruir e enterrar seus estudos e maquetes. Dessa maneira, melancolicamente foi internada por sua família num asilo de alienados, no ano de 1913, uma semana depois da morte de seu pai, que sempre a protegera e auxiliara na medida do possível. No hospício a que foi destinada, ficaria reclusa e quase esquecida de seus pouco amigos e familiares, até falecer em 1943. Procedeu-se assim numa espécie de condenação e cumprimento de uma silenciosa pena de prisão perpétua, que durou trinta anos e extinguiu a chama do talento e da vivacidade de uma grande escultora. Fonte: ArteVida
 


Uma mulher decide quebrar os laços com sua classe social, com a moral vigente e com as normas de conduta bem aceitas em sua época. Foi considerada louca, internada por 30 anos num hospital psiquiátrico – até sua morte – depois de entregar-se furiosamente a sua arte e a um mau amante, escultor abastado e famoso. Ele, o imperecível Auguste Rodin. Ela, a intuitiva e talentosa escultora Camille Claudel, personagem de filmes, razão de poemas, mulher arrasada, infeliz e mal compreendida. Ingredientes que tornam a sua biografia fascinante aos olhares curiosos. Tudo o que se acrescente como condimento de frescas novidades sobre esta escultora – vitimada mais pela sociedade que pela loucura – exerce, talvez por isso, um encanto hipnótico e avassalador.


Não se sabe porque cargas d’água uma certa “intelectualidade” sente prazer irresistível pela tragédia moral e exalta como ponto de virtude o sofrimento do artista. Ao que parece, quanto mais estilhaçados melhor; quanto mais dolorido, mais doce (veja-se o caso da pintora mexicana Frida Kallo, que atualmente tem suas obras em altíssimas cotações no mercado de arte). O que importa em Claudel; aliás, o que deveria importar num momento em que se faz a revisão de sua obra, seria destacar o seu alto valor estético, sua ruptura com uma manifestação escultural adormecida e que era já, depois de um certo tempo, construcção oficial das formas em Rodin. Deveriam ser exaltadas estas coisas, não sua desgraça.

Não se pode negar o gênio a Rodin, mas deve-se questionar o quanto de preconceito e de sua postura como inverso de mestre prejudicaram um talento manifesto. Que não era mais florescente apenas, mas que exigia ar e aparecimento: ela, Camille. Ela, que num sopro poderia ser, sim, mais do que ele. E isso lhe era insuportável.

Camille era pouco conhecida do público. O reconhecimento de seu talento ficava restrito a artistas e intelectuais, mas mesmo entre eles o seu comportamento incomum assumia feições de desvario. Sua família era rica, mas a adolescente apaixonada pela escultura não se deixava ficar entre rapapés, na condição de mulher passiva e obediente, à espera de um marido bem aquinhoado e cordato, largada das coisas impuras da arte. Muito pelo contrário. Desde menina fugia de casa para extrair barro para suas esculturas. A mãe, no entanto, se opunha à ambição de ser artista da pequena Camille. A sociedade francesa, preconceituosa e machista, também colocava muros à sua frente. Ela tentou passar por todos eles. Era mulher, e a escalada se tornava ainda mais difícil. O lance crucial de sua vida ocorreu quando decidiu empregar-se no estúdio do escultor Rodin, com quem pouco tempo depois passa a conviver na condição de amante.

A união marginal atiçava os comentários. Uma jovem impetuosa e um homem rico, famoso e mais velho, convivendo sem casar oficialmente... Mas o fator determinante para os transtornos que se seguiriam a essa união não partiram exatamente daí. Tratava-se, no fundo, de um embate de natureza artística entre a intuição criativa de Camille e o apuro conquistado em anos de estudo pelo escultor oficial do governo francês, Auguste Rodin .

O rompimento entre os dois era a única saída para a sobrevivência criativa da jovem aluna que abalara de forma tão radical o universo artístico de seu mestre. Rodin não admitia as diferenças de potencial criativo entre ele e Camille. Quando a artista percebeu estar sendo usada por Rodin, veio o rompimento.

Camille ficou só. O irmão Paul Claudel, poeta, viajara para os Estados Unidos e lhe faltava mais esse amparo. Passou a criar obsessivamente; percebia-se, contudo, que perdia a sanidade. O golpe final veio quando, durante uma exposição, não conseguiu vender nenhuma escultura. O fracasso, o álcool, e agora o descrédito, somados às suas muitas decepções, fizeram-na indignar-se a tal ponto que, em dado momento, destrói as peças que havia criado.

Acaba interna como louca.



Espantou-me em Paris, não encontrar seus trabalhos. Questionei uma funcionária do Museu Rodin. Havia uma única escultura dela, quando comentei o absurdo. A funcionária respondeu constrangida que o acervo de Camille estava em exposição no interior da França. Não acreditei.

Na biografia de Anne Delbée, lemos: "Camille olha para os dois bustos. Talvez não dê para dizer quem é Paul e quem é Camille, mas também não dá para dizer quem esculpiu, o sr. Rodin ou a srta. Camille!".


Segundo Liliana Liviano Wahba, a obra de Camille estava fora dos padrões e ela tinha uma maneira anticonvencional de esculpir. Sua habilidade de talhar o mármore era excepcional. Ia progressivamente, criando seu estilo. Valorizava sutilezas, evitando o nu exposto rodiniano, realçando drapeados, ondas de harmonia. Wahba acrescenta: "muitas esculturas de Rodin, produzidas após 1893, traziam temas que repetiam aqueles em que Camille tinha trabalhado, esculpindo ou ajudando a criá-los ou inspirá-los".


Pungente!!



Perfeito!!



Não sei se equivoco-me sobre a história. Li em algum lugar, que não localizei agora, que Camille esculpia mãos com grande perfeição e que muitas mãos das esculturas de Rodin seriam dela. Verdade ou não, alguns rascunhos e esculturas de Rodin ficaram com mãos inacabadas depois do internamento dela.




O filme sobre ela é demais:
Sinopse
Em Paris, em 1885, a jovem escultora Camille Claudel entra em conflito com sua família burguesa ao tornar-se aprendiz e, depois, assistente do famoso Auguste Rodin. Quando ela se transforma em amante do mestre (que já era casado), cai em desgraça junto à sociedade parisiense, embora tenha amigos do porte do compositor Claude Debussy. Depois de quinze anos de tortuoso relacionamento com Rodin, Camille rompe o romance e mergulha cada vez mais na solidão e na loucura. Por iniciativa de seu irmão mais novo, o escritor Paul Claudel, é internada em 1912 num manicômio.
Informações Técnicas
Título no Brasil: Camille Claudel
Título Original: Camille Claudel
País de Origem: França
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 166 minutos
Ano de Lançamento: 1988
Site Oficial: http://www.mgm.com/title_title.do?t itle_star=CAMILLEC
Estúdio/Distrib.: SPECTRA
Direção: Bruno Nuytten

Cartas do asilo: "Tem ele a intenção de me deixar morrer nos asilos de alienados? (...) Não fiz o que fiz para acabar minha vida como um mero número de uma casa de saúde".

Delbée: "Ela aguentou muito tempo. Sem armas, sem artifícios, sem fingimentos. Sem nada nas mãos. Aí está. Não tem mais cinzel, nem martelete, nem escultura. Tomaram tudo. Ela revê a velha Bíblia gasta pelo uso. Queria esculpir. Os pequenos contra os fortes, os grandes. Havia ainda tantas coisas. (...) Lá está ela, sem livros, sem barro, sem braço. A camisa de força".


Rodin em Salvador



Após tanta espera e expectativa, temos o Museu Rodin em Salvador!! Ganho cultural super importante. Espero que seja muito visitado.



Estão exibindo os moldes em gesso mas significam muito. Não houve permissão anterior para saida destas obras da Europa e por tanto tempo, 3 anos.



Tendo visitado em Paris, não vejo a hora de estar em SSA e ir lá!!



Em relação a esculturas, melhor vê-las que falar/ escrever sobre elas.








As imagens falam por si! Vejam!!!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Saudades Laurinha!


Lembrarei, sempre, desta moleca brincalhona, que deixa muitas saudades!
Minha saudade é grande e a de seus "donos/pais" maior ainda.  Guardarei esta imagem, Laurinha brincando com o apoio de mão de minha camera, enquanto eu fotografava. Lindo demais! Lúdico! Vida!
Alguns dizem que crianças, quando morrem, se tornam encantadas e/ou viram estrelas. Com os animais, penso ser o mesmo.
Laurinha era alegria, ludicidade, disposição para a vida e para o novo. Que, nós, humanos, aprendamos a ser alegres, bricalhões com pertinencia, curiosos e abertos para o novo.
Transcrevo Chico: "apenas seguirei como encantado, ao lado teu".

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Bastardos Inglórios

Bastardos Inglórios (Inglorious Bastards)

FICHA TÉCNICA
Diretor: Quentin Tarantino
Elenco: Brad Pitt, Diane Kruger, Mélanie Laurent, Christoph Waltz, Daniel Brühl, Eli Roth, Samm Levine, Michael Fassbender, B.J. Novak, Til Schweiger.
Produção: Lawrence Bender
Roteiro: Quentin Tarantino
Fotografia: Robert Richardson
Duração: 153 min.
Ano: 2009
País: EUA/ Alemanha
Gênero: Ação


A história começa na França ocupada pelos nazistas, onde Shosanna Dreyfus (Melaine Laurent) testemunha a execução de sua família pelas mãos do coronel nazista Hans Landa (Christoph Waltz, maravilhoso!! Rouba todas as cenas em que aparece, colocando Brad Pitt em segundo plano!)). Após uma introdução brilhante com uma intensa conversa entre os personagens, um fazendeiro francês e Waltz, a jovem consegue escapar e foge para Paris, onde cria uma nova identidade como dona de cinema. Enquanto isso, também na Europa, o tenente Aldo Raine (Pitt) inferniza ao lado de seu grupo de soldados judeus os nazistas. Conhecido por seus inimigos como Os Bastardos. Sem piedade, Aldo Raine exige o escalpo de cada nazista executado!. O esquadrão de Raine se junta à atriz alemã e agente infiltrada Bridget Von Hammersmark (Diane Kruger) em uma missão para derrubar os líderes do Terceiro Reich. Todos convergem para o cinema onde Shosanna está planejando a sua própria vingança e lá ocorre o desfecho.

Inteligente, a trama investe nos atores - a direção de elenco é uma das melhores já vista em um filme de Tarantino. O vilão Hans Landa (Christoph Waltz) está perfeito! O ator austríaco não dá chance a quem quer que divida a cena com ele. Seu vilão é tão sensacional que Bastardos Inglórios torna-se, sem querer, quase como um filme em que só ele vale o ingresso. Brad Pitt? Bom e caricato. Mas Waltz está simplesmente em outra categoria de talento.

Há também a famosa violência de Tarantino. Para quem não se importa em ver escalpos e tacos de baseball esfacelando cabeças, não haverá problemas. Tarantino continua viajando na maionese e aqui brinca com uma história em que mistura realidade com ficção, e o desfecho é aquele com quem todos sonharam, pelo menos durante o conflito ocorrido nos anos 40.


domingo, 25 de outubro de 2009

Profissão Repórter: doença mental.

No Profissão Repórter da última terça, o dia-a-dia de quem lida com a doença mental no Brasil.

Os repórteres Thiago Jock e Emílio Mansur percorreram os corredores do manicômio mais antigo do país, o Hospital São Pedro, em Porto Alegre, e registraram um momento dramático do tratamento psiquiátrico: a sessão de eletrochoque.

Júlia Bandeira e Thaís Itaqui foram para Brasília acompanhar uma manifestação pelo fim dos manicômios no país e conheceram os integrantes do grupo musical Trem Tantan, de Belo Horizonte, que transformam as próprias fantasias em música.

Caco Barcellos revelou histórias surpreendentes de moradores de rua de São Paulo afetados por transtornos mentais.

Grupo Mandaia

O Grupo Mandaia é muito bom. Tem se apresentado sempre em Salvador. Vale conferir.

http://www.slide.com/r/Dpo7IAdA2j_ajam-Ig0u5mnTg6OdqXqI?previous_view=lt_embedded_url

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Reage Laurinha!

Força Laurinha!!! A torcida está grande por voce!!
Posted by Picasa

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Convite de comentario para Luiz

Assistimos ao filme "Bastardos Inglórios" de Tarantino. Soberbo, embora com as violências dele.
Provoco Luiz a deixar seus comentários maravilhosos, com toda sua cultura de cinema.
Achei o filme maravilhoso, todos os atores estão fantásticos, são banhos de interpretação. Os sotaques são destaque a parte.
Deixo um comentario que Luiz não fará. Penso ser mania ou "coisa" carioca aplaudir filme, sem a presença do diretor ou de alguém do elenco. Por vezes, dou risada. Mas, este filme, mereceu e muito ser aplaudido no final.


Aguardando Luiz, risos....



domingo, 11 de outubro de 2009

Módulo VI Curso de Psicopatologia e Estruturas Clínicas

Nos dias 16 e 17 de outubro, em Salvador, teremos o 4º Módulo do curso. Trabalharemos diagnóstico diferencial, abordando também transtornos orgânicos e dependência química.
Este módulo não tem leituras prévias.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

´Modulo IV Curso Psicopatologia e Estruturas Clínicas




Dias 16 e 17/10 teremos o IV Módulo do Curso de Psicopatologia e Estruturas Clínicas em Salvador.
Este módulo vai abordar diagnóstico diferencial, incluindo transtornos organicos e dependencia química.
Retomaremos pela questão neurose/psicose para abordar e articular os outros topicos.




Descriminalização das drogas




Este tema está na pauta das discussões mundiais e é muito polêmico e controverso.
Como alguns tem defendido, é inegável que as políticas exclusivamentes repressoras não tem sido bem sucedidas, além de implicarem em altos custos. Por outro lado, a descriminalização por si só também não parece ser a solução. O que fazer?
Este assunto é de enorme delicadeza porque envolve escolhas pessoais, dependência química, problemas familiares, sociais e no trabalho, além de políticas públicas no âmbito da saúde, educação, segurança pública e questões jurídicas.


Existe sociedade sem drogas ilícitas? É possível para a humanidade viver sem paliativos para o "mal estar na cultura" tal como estabelecido por Freud?
Até onde vai a liberdade pessoal de usar drogas? Se alguém usa uma droga ilícita, estimula o narcotráfico com todas as consequências sociais que temos visto, sem falar nos outros aspectos pessoais.


A psicanálise considera que cada sujeito deve se implicar e ser responsável por seus atos. Temos leis brandas com os usuários, entretanto eles estão infringindo a lei. Até que ponto é exclusivamente uma questão da área da saúde?
Na campo da psiquiatria forense, se um psicótico, a princípio inimputável, comete um delito, pode ser responsabilizado caso o perito que o avalia julgue que o ato cometido não tem relação com a psicose e o indivíduo tem capacidade de compreensão do que fez.
Para a constituição psíquica, reconhecer a existência da Lei e estar a ela submetido é condição de saúde mental. Em função disto, que consequências podem vir da descriminalização das drogas?
Muitos, também, se drogam com excesso de trabalho, ginástica, estudo, dedicação aos outros. Acho que néofitos tem se drogado no Brasil com o poder, que deslumbra e embriaga alguns.
Os caminhos da corrupção e da ilicitude são insondáveis, Brasília e nossos politicos que o digam.


Aqui no Rio circula um comentario. Quando os morros vendem droga, a violência na rua e delitos menores diminuem. Quando a venda de droga é um pouco cerceada, aumenta a violência nas ruas e a incidência de furtos mais ou menos banais. Como lidar com isto?
Algumas circunstâncias tem me convencido que o marginal permanecerá marginal, não importa o ilícito ou de que lado ele esteja (traficante ou consumidor).
Como conduzir?
Apenas para levantar questões!
Este assunto é por demais complexo e não pode ser conduzido levianamente. Embora seja absolutamente contraria ao "politicamente correto", que invade nossa vida cada vez mais, de forma muito chata, penso que a questão das drogas deve ser colocada à parte e exaustivamente debatida.