quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Reflexões sobre estudo, aulas e power-point






Divido algumas reflexões que tenho feito, após 6 meses dando um curso sobre "Psicopatologia e Estruturas Clínicas". Nos dias 11 e 12/12, estaremos fechando este curso, com seu módulo V.

Eu gostei muito de estar dando este curso. A turma é muito boa. Alguns surpreenderam-me, muito positivamente, quando indiquei livros dificeis de comprar e de serem lidos, numa sexta à noite, e chegaram no sabado à tarde, com o livro em mãos. A turma sabe que me refiro a Karl Jaspers, pai da Psicopatologia. Leitura que sei não ser facil mas, fundamental.

Vou usar este post online na aula dia 12/12. É o power-point da segunda parte do módulo V porque quero suscitar reflexões.



Entre tantas coisas na vida, o que escolher?

Adoro historia, em geral, não sou saudosista e uso todas as novas tecnologias. Entretanto, temos que parar para pensar e ver como, quando e porque. Qual a função de um power-point? Em um congresso, palestra ou conferência pode ter múltiplas funções. Para um público leigo, costuma ter imagens como a apresentada acima, para atrair atenção e/ou amenizar a dureza de um tema. Em um congresso ou reunião de trabalho, pode trazer gráficos e planilhas que ilustrem melhor o conteúdo. Podem trazer resultados de pesquisas. Para publicitários, podem apresentar proposta de marketing de produto. Podem ilustrar alimentos para dietas ou exercícios, ou tecnicas de quaisquer outras ordens.

Podem também servir como roteiro de aula para quem ministra. Mas, é possivel dar aula sem power-point. Este semestre tive um professor no doutorado do IPUB que chega para dar aula, deixa sua pasta numa cadeira, não usa anotações,nada. Pergunta o que falou na ultima aula e dá uma aula fenomenal. Professor que seria considerado, por muitos, "das antigas". Mas foi um dos melhores professores que já tive. Cultura geral e profissional, com grande experiencia, imensa. Não há registro de presença para alunos e que ninguém converse na sala, porque ele intervém, com a autoridade devida. A turma pergunta e intervém mas, escuta porque o aprendizado é imenso. Quem quer cumprir créditos em pós-graduação ou está interessado em outras coisas certamente se entenderá com o Professor.

O uso de power-points está disseminado e não é isto que quero discutir. Em função desta disciplina do doc, de meu curso com voces e de um curso de extensão de 6 meses que fiz na UFRJ me surgiram muitas questões.

Nos cursos que faço e nos que dou, fico muito incomodada com o elevado grau de conversas paralelas, bastantes desagradáveis. Atrapalham quem quer escutar e dificultam, quando não cortam, o racicionio de quem fala. São cursos livres, ninguem é obrigado a ficar e faz quem quer. No curso que fiz, tivemos aulas quinzenais, aos sábados, das 09 às 18:30. Para que ficar se não quer ouvir e/ou aprender? Aqueles que ficavam no fundo da sala, sem sapato, com os pés na cadeira da frente, dormindo, pelo menos, não incomodavam. Estas conversas nunca tem a ver com a aula.

Eu assisto aulas, com caderno e caneta na mão (instrumentos que adoro tanto quanto o computador).



É minha escolha, meu estilo. Como dou aula, com papel e caneta, ao lado, e anoto se precisar.

Portanto, fica a pergunta: para que exigencia insistente de envio de power-point de aula?

Power-point de aula é uma guia, e muito mais para quem ministra a aula. O conteudo que importa, certamente, não está nele. Quem fez este curso e/ou assistiu outras aulas minhas, sabe que abandono o power-point e sigo o fluxo da aula, de meus pensamentos, das perguntas feitas, do inusitado.

Estive disponivel por diversos meios que a tecnologia atual oferece, deste junho, para responder, discutir ou estudar junto qualquer questão. Nunca fui contactada para isto. Em nenhuma aula fui questionada nem foi feita nenhuma pergunta sobre as sugestões anteriores de leitura nem sobre as indicações bibliograficas de cada módulo. O que isto quer dizer?

Richard Sennet, antropólogo, sobre o qual os alunos do curso receberam resumo elaborado por mim, diz que "para formar um especialista são necessárias 10 mil horas". Isto pode se traduzir em 03 horas de estudos durante 10 anos ou, para residentes de medicina, 10 mil horas em 03 anos. O material foi enviado em pdf de propósito. Um arquivo não manipulável, que não se copia, cola e recorta, como o Word.




Uma pessoa faz cursos, supostamente, por ser ou querer ser um profissional. Pergunto que tipo de profissional cada um quer ser. Ter "canudo" ou "títulos" não é sinonimo de conhecimento ou competência. Fora que, em saúde mental, cabe a pergunta, voce quer um emprego para sobreviver ou trabalhar, exercer sua função para atender quem lhe procura porque sofre?

Na area "psi", é preciso muita leitura, muito estudo, dedicação.... Para mim, um power-point só serve para dar aula. E não preciso dele. Por isto, a segunda parte do módulo V será dada de improviso.

Espero que isto possa significar algo para alguém da turma ou para quem vier a ler o blog.




Nada substitui estudo e trabalho com texto.





Denise











2 comentários:

  1. Denise

    acredito que voce tera um alcance bem maior se empregar recursos como imagens, filmes, etc.

    é comprovado científicamente que esses recursos auxiliam bastante na fixaçao e entendimento de conteúdos

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  2. Eu não tive como saber quem escreveu. Sei que é um dos recursos recomendados e comprovados, entretanto, considero que temos de avaliar seu uso e ponderar quando abrir mão dele. Uso muito power-point, entretanto, neste momento achei que estava sendo prejudicial a este grupo em particular. Em minha opinião, a riqueza dos recursos didáticos está em justamente usar diversos: leituras, discussões, filmes, musicas, etc. Minha questão é fechar demais em um único recurso.De qualquer forma, agradeço a oportunidade de interlocução e se quiser replicar será benvindo, querendo se identificar coloque seu nome.

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