sábado, 2 de janeiro de 2010

Poesias para começar o ano


A importância e as diversas funções do escrever, em vários contextos, é um de meus temas de pesquisa. Em minha dissertação de mestrado trabalhei a escritura em Clarice Lispector, como função de suplência, tal como Lacan propõe para James Joyce.

Na clínica, tenho cuidado com o que me é trazido por escrito, espontaneamente ou não. O trabalho com a fala não deve ser igual ao trabalho com o escrito. Em situações particulares, devemos ser secretários, como recomenda Lacan.

Assim sendo, divulgo algumas poesias de DG, pessoa que me autorizou, por escrito, a usar suas poesias em meus trabalhos, palestras e a publicar no blog. Sempre que leio o público reage de uma forma impressionante, pedem para repetir, perguntam se tenho outras para ler. Sempre impacta e produz efeitos. Já ganhou um prêmio importante para portadores de esquizofrenia. No Brasil todo, só ganharam 02 pessoas do nordeste e esta pessoa ligou para meu celular para anunciar sua premiação. Ficamos muito contentes. Embora o prêmio seja divulgado nacionalmente e as poesias escolhidas, impressas em livro, DG escolheu aparecer no blog com estas iniciais. Reproduzo as poesias literalmente.

"Quem foi que disse"

"Quem foi que disse?
Que doente mental não é gente
E que também fica contente
Com o seu modo de lhe dar com ele.

Quem foi que disse?
Que doente mental não sabe ler e escrever
E que também pode ver o que não está por se ver
Nitidamente à sua frente.

Quem foi que disse?
Que doente mental não ama e é amado
E que também fica arretado quando é questionado
O que é que ela vê em você?

Quem foi que disse?..."







"Torre de Babel"

"Eu vejo uma nova Babel se erguer
Um mundo de estereótipos difusos, confusos
Que se alastra, se mistura, se arrasta
Sob uma lente de 03 (três) graus.

Paises vizinhos, homens de linho
mesclagens, disfarces
São mostradas muitas faces
De um mesmo ser

Fronteiras estreitas
Miscigenações, migrações
Ideologias, 'civilizações'
Jeitos de ser e viver

Nos confundem o que são
Médicos, patrões, empregados
Seguranças, professores, advogados
As profissões se estreitam no seu modo de se vestir

Rabinos, muçulmanos, budistas, cristãos
Uns ateus, outros filhos de Deus
Alguns no caminho
E outros de volta

Mas em qualquer volta
todo mundo se esbarra, se encontra
e numa simples conversa, cai por terra
Uma Torre que já foi muito alta."


"Tabuleiro de xadrez"

"O que é isso?!
Esse tabuleiro pedrez
Que me colocaram
Sob os meus pés

é um jogo de xadrez
De cálculos e estratégias
Subjugando a minha vida
Me punindo por viver a vida

São pensamentos 'pensados'
Atos pré-meditados
Utilizando-se de todos os meios
Para justificarem o seu fim

O objetivo é conquistar
A minha 'magestade'
A minha idoneidade
Sob o front da existência

Com articulações e invenções
Dignas de um inimigo
Com o perfil
De um xadrezista."




"A sua palavra"

"A palavra que move moinhos
Que faz girar redemoinhos
É essa a palavra
Que eu quero falar

Como a correnteza que se arrasta
O alazão que em disparada cavalga
É assim que sob a palavra
Que eu quero andar

A palavra dita
Que por ser objetiva, também me faz alocar
E a palavra subjetiva, que por ser 'escondida'
Também me faz parar ou avançar

A palavra quando bem escolhida
Sempre encontra guarida na alma do vivente
É assim que a gente tem que continuar
Com a responsabilidade de gente que sabe o que falar."

Mais um espaço de divulgação de sua palavra, DG.









sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Nova cronica felina

Não sei se é a moonlight ou o início do ano, os gatos resolveram aprontar de ontem para hoje.



 Robertinho resolveu escalar uma estante e pular de uma para outra, num espaço de quase 01 metro. Com as peculiaridades que tem, parece ter ficado assustado com o que fez. Ficou lá em cima chorando e como eu disse que se virasse, depois de um tempo, arriscou descer, claro que derrubando livros. Ou deve estar querendo aparecer.


 




Aproveito e coloco logo a família siamesa: Robertinho entre a mãe, Colombina, e o pai, Igor.

Pena que só vi o pulo de relance, não deu tempo para usufruir a beleza dos pulos felinos. Nina, observadora atenta e excelente aprendiz, ficou olhando fascinada. Resta agora ela tentar... risos. Ela detesta quando os outros fazem algo que ainda não consegue fazer.

Começaram bem o ano!!